Em ‘Flash Pose’, Pabllo Vittar acerta em cheio ao não deixar o inglês usurpar sua identidade

Estreia exclusiva no aplicativo de encontros Grindr, instrumental reminiscente das músicas preferidas das drags para bateção de cabelo e quotes icônicos. Não esperávamos nada diferente para as primeiras aventuras extratupiniquins da drag queen de maior sucesso no mundo.

Talvez a maior surpresa seja o quão comercialmente despretensioso é o primeiro single internacional lançado por Pabllo Vittar. Sem apelar para aquilo que está em alta no momento, a cantora trouxe um dos sons preferidos do público LGBTQ+, um que não costuma alcançar altas posições nas paradas em 2019, e contou com nomes como o da própria Charli, Aluna Francis (AlunaGeorge) e Rodrigo Gorky, que já trabalha com a queen há um bom tempo.

Apesar disso, Flash Pose traz uma Pabllo bem diferente daquela que nos hipnotizou em seu segundo álbum de estúdio, Não Para Não. Nele, a intérprete seguia a essência que já havia apresentado em Vai Passar Mal: trazia as mais diversas brasilidades em suas músicas, todas com o toque peculiar de uma drag queen precursora no Brasil, cujo próprio sucesso é uma vitória para a comunidade diariamente.

Repleto de tiradas cômicas e memoráveis e mergulhado em um instrumental agressivo EDM, o single é a receita perfeita para que a brasileira mantenha seu fãs fieis e conquiste público equivalente em terras estrangeiras.

Os destaques são as partes cantadas por Pabllo, que remetem a um som de que o brasileiro costuma ser saudosista, incomum nas rádios desde a época em que as coletâneas Summer Eletrohits se tornaram um fenômeno, e o verso de rap quase sussurrado de Charli XCX.

Charli XCX, aliás, foi a adição perfeita ao single, tanto pelo público cuja atenção atrairá para o mesmo, coincidente com o público alvo de Pabllo, como pelo estilo de música que costuma seguir (um pop trash e absolutamente único, sendo a única artista no cenário atual que lançaria músicas como a ousada e icônica Trophy).

O single é o carro-chefe de seu primeiro projeto “internacional”, o álbum 111, com data de lançamento ainda indefinida.

Melhores versos:
Yeah come over, come over, baby / Get in my picture, that’s right / ‘Cause I wasn’t trying to get a nice picture by myself
I love Pabllo, Pabllo loves Charli”.

Nota: 9,0

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