O pop dançante e futurístico de Charli XCX em Gone (feat. Christine and The Queens)

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Depois de 4 anos desde seu último álbum, Charli XCX prepara o terreno para chegar chegando. Seu novo projeto leva apenas o seu nome, “Charli“, e marca o início de sua primeira era desde a “Sucker“, de 2015. Recentemente, a cantora lançou mais um single, “Gone” em parceria com Christine and the Queens.

Gone” é uma junção inteligente que endossa muito da veia experimental de XCX, com os sintetizadores e estrutura europeia que tem permeado o seu legado musical. Nos últimos anos, a cantora compositora veio se aventurando através dos sons experimentais da PC Music com as aclamadas mixtapes “Number 1 Angel” e “Pop 2“, produzindo sons difíceis de digerir mas ainda assim intrigantes ao lado de Sophie e A G Cook. E muito embora seus novos singles não sejam majoritariamente cerceados pelo gênero, nota-se gritantes características remanescentes da sonoridade que é apreciada por poucos. As opiniões do público quase sempre são dissonantes; alguns amam, outros não conseguem entender, mas no geral, a crítica tende a aclamá-la e seus fãs gostam.

Mas é preciso mais do que isso para que um álbum e uma era sejam bem sucedidos. E ainda há o fato de que a gravadora de Charli XCX parece pressioná-la há algum tempo. Desde que demos vieram à público depois que arquivos pessoais da artista foram vazados por hackers ilegalmente, ela tem corrido contra o tempo para cumprir uma agenda de produção que atinja as expectativas de sua gravadora.

Talvez seja pensando no retorno comercial que Charli deu alguns passos para trás e voltou para o pop comercial com o qual ficou conhecida desde que explodiu com o hit “Fancy“, ao lado de Iggy Azalea – há tantos anos que às vezes nós nos esquecemos.

O movimento se iniciou com “1999“, bem sucedido featuring com a sensação pop australiana-sul africana Troye Sivan, que caiu nos gostos do público. “Gone” é quase como um um cubo mágico desconstruído. Tentar montá-lo é quase tão difícil quanto solucioná-lo quando já montado, mas no final, o resultado é satisfatório em ambos os casos. A música soa diferente, com sintetizadores e pausas propositais, distorções perturbadoras e o aspecto eletrônico disco oitentista presente no catálogo de XCX desde sempre; ela é complexa e ao mesmo tempo, palatável, fica no meio termo entre o comercial e o som experimental a que Charli está mais inclinada; agrada diferentes públicos.

O clipe por si só é uma amostra de sua artisticidade e combina com a persona pop que a cantora defende com orgulho e que a precede. “Gone” é certamente uma tentativa muito mais plausível e interessante que a reutilizada “Blame It On Your Love“, lançada há alguns meses em parceria com Lizzo; enquanto esta não agrega em nada, “Gone” é extasiante e vale a pena a chance.

Nota: 8.2 / 10

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