Masterchef Brasil: em reviravolta, Haila assume a narrativa favorita dos espectadores de reality shows

A atual temporada do Masterchef Brasil, que já está em sua sexta edição, foi desde o princípio altamente criticada pela falta de competidores que tivessem com uma mínima estabilidade um desempenho bom.

A maior parte dos participantes apresentava um histórico confuso, instável. Esporadicamente, figuravam dentre os destaques positivos e, contudo, também com alguma frequência, dentre os negativos.

Com algumas exceções – Helton, Lorena e Juliana, por exemplo, muito embora já tenham estado sujeitos à eliminação anteriormente, são considerados por todos fortes candidatos ao troféu -, o futuro da temporada parecia bastante indefinido e até bem desinteressante.

Fugindo um pouco ao padrão, em outro extremo, havia participantes cujo histórico era quase que inteiramente negativo. Haila, desde o primeiro episódio, acumulava erros que pareciam dos mais desleixado mesmo para o público leigo, tais como errar o ponto de um brigadeiro (especialmente quando afirmava que sua maior pretensão após o programa seria se consolidar como confeiteira).

Haila era certeza na prova de eliminação de todo episódio, assim como eram certeza as suas lágrimas em algum momento do dia. Levava bronca após bronca não só por alguns equívocos de execução em seus pratos, como pelo seu choro que denunciava uma fragilidade e imaturidade talvez fatais à sua permanência na competição.

Durante a temporada, construiu uma amizade com Helton, um dos favoritos à vitória. Helton, surpreendentemente, foi eliminado precocemente – antes de Haila!

Na repescagem, Helton voltou. A Haila com que se deparou, esperando por ele, já não era a mesma de quem havia se despedido.

Haila tomou pra si a narrativa mais querida de qualquer acompanhante assíduo de reality shows: a de um”underdog” com chances reais na competição. O termo costuma ser utilizado para se referir àqueles em relação aos quais são baixíssimas as expectativas em algum tipo de campeonato. Acontece que esse tipo de personagem só se torna interessante para o espectador a partir do momento em que são dados a ele motivos convincentes para acreditar em uma reviravolta.

Ninguém esperava nada de Haila. Suas lágrimas conseguiram convencer o público do contrário! Convenceram de que seu tempo estava contado, de que talvez estivesse fazendo hora na cozinha mais assistida do Brasil, alguns a acusavam, inclusive, de ser “arrastada” pela sorte.


Acontece que Haila parou de chorar. Começou a – pasmem – vencer. Sem Helton. Venceu sozinha e venceu em grupo.

O público, que, após a irritação inicial por tê-la considerado “chorona”, já havia se rendido ao seu carisma, e, agora, tem a oportunidade de acreditar em Haila enquanto competidora.

E não seria maravilhoso alguém tão menosprezado inicialmente chegar à final e, quem sabe, vencê-la? Não há nada melhor para quem acompanha reality shows do que acompanhar o crescimento de um competidor, crescimento esse que possivelmente culminaria no mais surpreendente dos desfechos para a competição. Quem não ama uma virada?

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