Há 1 ano, Ariana Grande transformava dor em doce com o melhor álbum de sua carreira

Superar o seu trabalho de maior sucesso ao mesmo tempo que tenta superar o maior trauma de sua vida é uma tarefa quase impossível. Os olhos do mundo inteiro se voltaram para Ariana Grande no dia 22 de maio de 2017 quando um atentado terrorista ao final de seu show em Manchester tirou a vida de 23 pessoas, incluindo crianças e adolescentes. A cantora estava no seu auge e viu seu mundo desmoronar. No dia 17 de agosto de 2018, Ariana lançava seu quarto disco, Sweetener, o símbolo máximo de sua processo de cura e recuperação, e que se tornaria o divisor de águas da sua carreira.

Entre 2013 e 2016, Ariana seguiu passo a passo o manual de como se tornar uma popstar. Depois de um debut que deixou todos de boca aberta com seu vozeirão e suas influências vintage, a cantora mergulhou de vez na tentativa de se estabelecer no mercado através de números expressivos. E conseguiu.

My Everyhing, de 2014, e Dangerous Woman, 2016, foram moldados para agradar o público consumidor de pop. Ariana não estava preocupada com nada além de um estrondoso sucesso comercial. “Eu sinto que joguei de acordo com as regras nestes discos. Queria chegar a um lugar que me permitisse fazer o que eu realmente quisesse“, admite Ariana, em entrevista a PAPER Magazine.

Diferente de seus antecessores, o Sweetener não demonstra essa obsessão por hits. Sim, existem músicas muito comerciais no álbum, mas Ariana queria mais do que isso. O álbum passeia por produções mais experimentais, sem a preocupação de seguir nos trilhos do que fazia sucesso naquele momento.

O trabalho, grande parte comandado por Pharrell Williams, não foi facilmente digerido pelo público que acompanhava Ariana até ali. Eles esperavam outro arrasa-quarteirões com o pop-chiclete que a colocaria no topo dos charts novamente. Receberam batidas fora do convencional, arranjos arrojados e um disco cuja última preocupação era o sucesso comercial.

No Sweetener, Ariana consegue reverter toda a dor do atentado em algo positivo e revigorante. Se trata de um álbum sensorial, que nos causa sensações ao invés de simplesmente descrevê-las em palavras. Ela abre seu coração em faixas como No Tears Left to Cry, sobre superação, Breathin, sobre ansiedade, e Get Well Soon, especialmente dedicada aos fãs presentes no show de Manchester. Mas outros momentos do disco como a própria faixa-título nos fazem mergulhar no delicado universo de Ariana e nos contagiar com sua leveza e otimismo.

Naturalmente, acompanhado de um trabalho de excelência no momento mais fundamental de sua carreira, veio o sucesso de público e crítica que inclusive garantiu a Ariana seu primeiro Grammy como Melhor Álbum Pop, desbancando nomes como Taylor Swift e Pink. O nome de Ariana Grande havia se tornado tão gigante que ela inclusive se apressou para lançar o quinto disco na sequência, Thank U Next, que mescla o lado pessoal e comercial dos trabalhos anteriores.

O Sweetener é a resistência de Ariana Grande em não ser apenas mais uma. É um álbum-terapia. Ela se cura enquanto tenta curar os que o ouvem. Coeso, certeiro e inspirador. Se deixe adoçar!

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