Alguns dos maiores nomes da música também não escreviam suas próprias músicas. Seu artista não é especial. Como exemplos, temos Whitney Houston e Elvis Presley, lendas em seus respectivos gêneros e gerações, mas quando o assunto era se envolver na produção e composição de suas músicas… Não havia nada para se orgulhar.

Como fãs de música pop, adoramos nos gabar quando nossas artistas preferidas estão completamente envolvidas na produção de seus álbuns. E, embora muitos de nós não nos importemos, alguns de nós ainda utilizam isso como troféus a exibir.

O fator pessoal que músicas cujos compositores são também os intérpretes é algo a ser considerado como motivação por trás desse hábito. Afinal de contas, é muito mais legal saber que um artista nos deu passe livre para sua vida pessoal de maneira tão incisiva. Como Beyoncé, praticamente expondo o Jay-z com o “Lemonade“, ou Taylor Swift colocando cada uma de suas desavenças no olho do furacão, Katy Perry detonando seu desafeto em “Circle The Drain“, Camila Cabello alfinetando as ex-companheiras de grupo em “Real Friends” ou Ariana Grande mexendo em feridas não cicatrizadas no “Thank U, Next“, por exemplo.

Nós gostamos de ligar os pontos, tirar nossas próprias conclusões, criar teorias e passar horas discutindo sobre os reais significados por trás das canções. E isso se estende para o hip-hop, gênero que alguns de nós também tende a apreciar. Há uma espécie de paradigma em torno de cantores de rap que compõem ou deixam de compor suas canções; normalmente, o segundo grupo é marginalizado no próprio meio. Não é extremamente incomum alguma notícia a respeito do uso de ghostwriters por parte de artistas populares do hip-hop, eclodir na internet.

No entanto, na maioria dos casos, é o fator meritocrático da coisa toda que prevalece. Uma fave que compõe suas próprias músicas para um fã de música pop é o equivalente, para garotos cis héteros, a competir sobre quem tem o maior pau. No final das contas um pau gigante que não sabe como ser utilizado não proporciona nada além de boas nudes. Só fazer as relações.

Fato é que, para todos os efeitos, se Rihanna deixa ou não de compor seus hits, ou se Beyoncé se inclui nos créditos de uma canção por alterações mínimas, no que isso influi na maneira como você consome aquela música? De uma forma ou de outra, nós provavelmente dançaremos em baladas e as incluiremos em nossas playlists. O esforço de checar nome por nome nas fichas técnicas é quase tão inútil quanto discutir e diminuir o talento de quem não tem talento para compor e produzir. Portanto, nos poupe, poc.