Nossa, o que rolou, Nicole Scherzinger?

Então, dona Nicole Scherzinger, o que é bom para o moral? Será que aos 41, a eterna ex-Pussycat Doll saberia responder?

Nicole Scherzinger, 41 anos

O passado de Nicole antes de chegar no grupo que lhe deu fama a nível mundial se resume, basicamente, a sonhos e perseverança. Nicole, nascida no Havaí, saiu da ilha e se mudou pro Kentucky ainda jovem, onde se apresentou em peças no colegial e estudou na Wright State University antes de se dedicar a uma carreira musical. Em 1999, se juntou a banda de rock Days of the New, como backing vocal, enquanto em 2001, Nicole venceu o reality show Popstar com mais 4 garotas (na qual a versão brasileira nos deu o Rouge), e aí sua vida ascendeu.

Nicole no Eden’s Crush

O grupo, chamado Eden’s Crush, teve um apenas um álbum e um single, que foi #8 no Hot 100. Depois disso, a gravadora abriu falência e o grupo não conseguiu continuar. No tempo de atividade, as meninas fizeram uma turnê com ‘N Sync e Jessica Simpson, e no show business Nicole conheceu will.i.am, que na época procurava um vocal feminino para o Black Eyed Peas e a chamou para integrar o grupo, mas Nicole não aceitou o convite porque seu namorado não gostava da ideia.

Christina Aguilera no começo da carreira performando com as Pussycat Dolls

Em 2004, Scherzinger ficou sabendo de audições de um projeto ambicioso de alguns executivos e chefões: pegar um grupo burlesco famoso em Las Vegas e transformar num grande grupo pop. O The Pussycat Dolls era um grupo de dança burlesca que se apresentava desde 1995 nas noites de Las Vegas e, por atrair grande público, conseguia algumas vocalistas importantes para algumas apresentações, com Christina Aguilera e Gwen Stefani, tendo a última ajudado a convencer os chefes da Interscope com o projeto de grupo musical.

Eles já tinham tudo: dançarinas, coreógrafos, pessoas para investir, mas para transformar num grupo musical faltava a voz. Aí entra a audição pública para escolher a vocalista e aí entra Nicole Scherzinger (e Melody Thorton, que era a segunda voz do grupo). Nicole foi escolhida, o grupo foi feito e moldado para ela, e o resto é história: The Pussycat Dolls se tornou um dos maiores e mais bem sucedidos grupos da história. 54 milhões de vendas com apenas 2 álbuns e, entre algumas brigas, vida útil de apenas 5 anos e com diversos hits em todo o planeta.

PCD, primeiro álbum do The Pussycat Dolls

Entre o primeiro álbum, PCD, e o segundo, Doll Domination, é que a vida de Nicole começa a mudar. Nesse período, ela tentou engatar um álbum solo, que seria chamado de Her Name Is Nicole. Nicole lançou dois singles, Whatever U Like, com o T.I., que não trouxe nenhum retorno, e Baby Love, com seu amigo will.i.am, que obteve sucesso na Europa, América do Sul e Oceania, mas não o suficiente nos EUA. Posteriormente, todas as faixas do álbum foram vazadas na internet e o projeto foi arquivado.

Para não jogar seu trabalho fora, Nicole retrabalhou algumas músicas que seriam de seu álbum solo, lançou tudo com as Pussycat Dolls e, assim, deu vida ao Doll Domination.

Doll Domination, segundo e último álbum do The Pussycat Dolls.

Com o sucesso do filme Quem Quer Ser um Milionário?, os executivos da Interscope viram a chance de obterem um sucesso com a já bem sucedida Jai Ho, trilha do filme. Olhando em seu catálogo, escolheram Nicole para escrever a versão em língua inglesa da música, o que daria visibilidade mundial e comercial à música. Nicole escreveu, mas sabia que sob o nome Nicole Scherzinger a música não teria o retorno que teria se fosse lançada sob a marca The Pussycat Dolls. As pessoas queriam mais do grupo, aquela girlband explosiva que mesclava vocal com danças frenéticas e coreografias elaboradas, e Nicole também queria crédito por seu trabalho como compositora, então resolveram lançar o single como Jai Ho! (You Are My Destiny), sendo uma música The Pussycat Dolls featuring Nicole Scherzinger.

Capa oficial do single
Nicole e “as novas Pussycat Dolls”

A partir daí, a relação de Nicole com as demais integrante do grupo ficou extremamente abalada. Nicole querendo ter seu trabalho reconhecido, as demais meninas querendo ter, ao menos, espaço, e sempre sendo barradas pelos executivos, e o clima não ficou bom mais, até que uma a uma foi saindo, sobrando somente Nicole. Tentaram uma outra formação com Nicole e mais 4 dançarinas, mas a vocalista não queria fazer parte de um grupo sem suas antigas companheiras, e partiu, definitivamente, pra sua carreira solo.

Em 2010, Nicole fez uma nova tentativa com uma faixa chamada Nobody Can Change Me. Após a estréia na rádio, mas nunca mais se ouviu falar da música, que nunca foi lançada e, até hoje, só se tem uma versão retirada do site oficial dela que foi vazada e jogada na internet. Ainda em 2010, Nicole substituiu Cheryl Cole por algumas semanas na bancada do The X Factor UK, e então recrutou RedOne, que na época estava recolhendo frutos de suas parcerias com Lady Gaga, para lançar Poison na Europa, seu quarto debut single solo, mas o primeiro que de fato deu certo.

Poison arrancou ótimas posições nos charts da Europa, assim como foi Heartbeat, parceria de Enrique Iglesias com ela, e Nicole decidiu que seria a hora de investir pesado: lançou seu segundo single, Don’t Hold Your Breath, que conquistou diversos top 10 em países europeus e #1 no UK, lançou Right There – como terceiro single internacional e primeiro nos EUA – onde conseguiu, mais uma vez, boas posições internacionalmente e até certificado de ouro nos EUA, aceitou uma vaga, com controversa, na versão americana da primeira temporada do The X Factor, e então começou a replanejar sua carreira.

O plano de Nicole era lançar uma versão mais pop pra Europa e mais urban pros EUA, mas após alguns contratempos, Nicole cancelou o lançamento nos EUA e deixou o Killer Love apenas na Europa e Oceania.

A ex-Pussycat Doll se juntou, definitivamente, à bancada do The X Factor UK e se tornou um rosto reconhecido em terras britânicas. Empolgada, em 2013, Nicole voltou a trabalhar em sua música e, com isso, começou a planejar seu segundo álbum, lançando Boomerang como lead single.

Por problemas com sua gravadora, Nicole cancelou mais uma vez o lançamento desse álbum e focou no The X Factor UK enquanto gravava e trabalhava em novas faixas para recomeçar o projeto em uma nova gravadora, a RCA.

Nicole lançou, então, em 2014, o Big Fat Lie, seu segundo álbum de estúdio, que conseguiu bons números internacionalmente com seu lead single, Your Love, e números mais modestos com On the Rocks e Run, singles que sucederam a divulgação do álbum.

Em todo esse tempo, Nicole participou de diversos reality shows, o que fez com que ela sempre fosse um rosto conhecido, seja no UK ou no US. Seja por programas de entretenimento, dando entrevistas, fazendo aparições ou colaborações com nomes importantes da música como Slash, Nicole sempre esteve por aí e sempre foi reconhecida pelo seu talento vocal.

Tá, mas o que rolou?

Nicole Scherzinger em 2010, no vídeo de Hush Hush; Hush Hush

Nicole revelou para o programa Behind the Music, do VH1, que durante muitos anos sofreu de bulimia aguda e que a doença se agravou durante seu tempo como integrante do The Pussycat Dolls, onde diversas vezes ela chegou a beira da morte. Nele, Nicole afirmou que amava as garotas, mas que não viveu um conto de fadas no grupo e que a pressão sobre ela, rotina, obrigação de ser bem sucedida e de trazer resultados pro grupo e pressão própria, por ser perfeccionista, a adoecia mais e ela ficava extremamente magra e com o corpo fraco. Por ser o rosto principal do grupo, a responsabilidade toda caia em cima dela, pelo bem ou pelo mal.

Ainda no programa Behind the Music, a morena fez diversas revelações sobre sua vida, sobre o The Pussycat Dolls, e explicou como música sempre foi o seu instrumento de salvação e que nunca quis que fosse sua obrigação, apenas sua terapia.

Quando percebeu o quanto seu perfecctionismo atrapalhava – e mais fazia ela arquivar projetos do que investir tempo neles – foi quando Nicole viu a real pressão da indústria com números e músicas de sucesso, e foi nesse momento que ela percebeu que isso a fazia destruir a si mesma e seu corpo, então ela decidiu desacelerar, lançar as coisas como quer, e quando quer, e sem pressão mercadológica para, assim, tratar de seus distúrbios e viver uma vida mais feliz e livre.

Nicole feliz da vida na Itália
Nicole Scherzinger na adolescência

A interprete de Buttons já chegou a afirmar que deu seu primeiro beijo as 21 anos e que sempre se sentiu “o patinho feio”(sic). Com seu fenótipo bem caraterístico de pessoas havaianas, Nicole era diferente das demais meninas, mas ao se mudar do Havaí pro Kentucky que ela se deparou com essa realidade, e isso a fez se excluir e se diminuir. Tentando ser boa em tudo por se sentir fisicamente insuficiente e inferior, Nicole se transformou numa mulher perfeccionista e desenvolveu distúrbios alimentares, e só quando ela entendeu que ter a vida de cantora famosa que sempre quis poderia ter consequências mais significativas pra ela, por servir de gatilho, foi quando ela trocou a pressão da fama por saúde e felicidade e abdicou de qualquer chance de uma carreira repleta de hits mundiais em prol de sua vida. Nicole já não queria mais aquela vida, rotina e pressão de se estar no topo do mundo e da mídia e já chegou a dizer que pra estar na indústria “você precisa vender sua alma ao diabo”(sic).

Por seu talento e credibilidade artística, atualmente, Nicole fatura milhões por ano sem necessariamente fazer músicas de sucesso mundial, principalmente estando em reality shows e programas de grande audiência como a franquia The X Factor e, o mais recente, Australia Got Talent, e enquanto gasta seu tempo em causas humanitárias como na Unicef, Nicole consegue reconhecimento por trás das câmeras e dos palcos, seja por prêmios de Harvard de Artista do Ano, por seus trabalhos voluntários, ou quando, em 2007, ela ganhou um feriado proclamado no Louisville, Kentucky – onde morou quando saiu do Havaí – em 19 de abril, em sua homenagem, o Nicole Scherzinger Day.

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