Mariah Carey: o Maior Ato Pop dos Anos 90 Que Se Perdeu

Mariah Carey performs during New Year’s eve celebrations in Times Square in New York City, New York, U.S., December 31, 2017. REUTERS/Carlo Allegri

Mariah Carey é um dos nomes que, normalmente, quando falamos sobre música, tendemos a relacioná-lo a baladas românticas, notas extremamente agudas e músicas natalinas. A cantora viveu mais momentos de baixa em sua carreira nos últimos anos do que é estrategicamente saudável para a imagem de um artista. Mas nem sempre foi assim.

Os anos 90 foram os anos das baladas românticas, do hip-hop, dance-music, R&B e, nos 45 do segundo tempo, do bubblegum pop, graças a Britney Spears e toda sua trupe. Obviamente, a mudança não seria acompanhada por todos os veteranos. Madonna e toda a conceitualidade da era “Ray of Light” e “Music” a distanciaram imediatamente da onda; Celine e Whitney nem tentaram se misturar. Àquela altura, Mariah, queridinha da América, começava a mostrar sinais de queda, mas nada comparado ao que viria na virada do século, em 2001, quando seu filme e respectiva trilha sonora amargaram fracasso comercial e crítico.

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Depois de uma década inteira dominando charts, 2 Grammys, 15 canções em #1 e mais de 150 milhões de álbuns vendidos, Mariah começou a experimentar o fracasso de maneira que nenhuma outra artista pop que havia alcançado seu patamar havia experimentado antes. Nem mesmo Madonna, em sua era menos bem sucedida até aquela altura, havia ido tão baixo.

E a realidade é que, embora Mimi – apelido pelo qual é conhecida pelos fãs – tenha conseguido dar um certo tipo de volta por cima em 2018, com o lançamento do álbum “Caution“, amado pela crítica, e com louváveis aparições públicas de divulgação, sua carreira não tem vivido um bom momento desde 2014, quando as coisas parecem ter saído completamente de mão. Um período de calmaria teria se iniciado para a talentosa artista no último ano? Talvez, mas não tanto quanto poderia ser.

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Ao menos, tivemos um ótimo álbum após anos de tentativas frustradas em que Carey mais parecia tentar reviver os momentos de glória lançando canções com propostas semelhantes aos seus maiores hits que de fato tentando entregar material de qualidade. Afinal, ela está em outro patamar. Sua idade é um grande fator influenciador do seu sucesso em uma indústria que não é gentil com cantoras com mais de 40 anos. Mariah parece finalmente compreender sua nova condição vocal, depois de anos de abuso e descuido que a deixaram vocalmente debilitada: seu novo projeto é repleto de músicas que soam mais confortáveis de interpretar, sem perder qualidade performática de sua voz, e, principalmente, mostrando novos aspectos de sua capacidade criativa com suas composições.

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Mas, é claro, preferimos focar nos “I don’t know her“‘s e nos fiascos envolvendo performances dubladas. É decepcionante pensar que todo o seu legado acaba sendo eclipsado por diversos momentos em que os escândalos se sobrepõem ao seu talento e sua contribuição para a história da música pop. Mariah recebe todos os créditos por fundir dois universos até então opostos com o remix de “Fantasy“, com participação especial do polêmico rapper Old Dirty Bastard. A fórmula Princesa do pop x rapper desbocado, um tipo de junção que soa tão corriqueira hoje em dia que até poderia causar tédio. Mas em 1995, era inesperado e deu início a um movimento que popularizou um tipo de colaboração artística que até hoje é utilizada.

Podemos dizer que não haveria “Crazy In Love“‘s, “Umbrella“‘s e “The Way“‘s se Carey não tivesse arriscado tudo.

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A realidade é que a nova geração de consumidores de música pop a veem como uma caricatura de si mesma, sem realmente dar a ela uma chance. Suas vendas dificilmente voltarão a ser imbatíveis como foram um dia. Isso diz mais respeito ao padrão preconceituoso e machista do mercado do entretenimento que qualquer outra coisa. No entanto, seu legado está unicamente nas suas mãos. E ela… parece não se importar. Se sua baixa popularidade é uma questão que poderia facilmente ser contornada por novos representantes e reposicionamento de imagem, nunca saberemos. Quem a admira e acompanha percebe que Mariah não está disposta a mudar; parece confortável em aparecer sazonalmente no período do natal, e, talvez, isso seja o ideal para ela, então… quem somos nós para julgar? O que for melhor para ela.

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Nós apreciamos sua música e tudo o que ela representou um dia. E continua, de certo modo, representando.

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