A difícil realidade de ser LGBT em Pose

Junho, mês da comemoração do orgulho LGBT, ficou marcado pela estreia da segunda temporada de Pose. Criada por Ryan Murphy, a série é um retrato da famosa cena ballroom de Nova York na virada da década de 1980 para 1990, mas acima de tudo, é um marco histórico para a televisão.

Pose reúne um elenco formado inteiramente por protagonistas trans, negros e latinos. Nenhuma outra série até hoje tinha garantido esse nível de visibilidade e representatividade. Além disso, ela nos leva para dentro de um universo que, até pouco tempo atrás, era totalmente marginalizado e hoje, já ganhou o mainstream. Graças a RuPaul’s Drag Race e filmes como Paris is Burning, as histórias desses LGBTs nunca serão apagadas ou esquecidas.

Mas, nem tudo é só festa, glitter e glamour no universo de Pose. Desde a primeira temporada, o seriado se dedica a mostrar que a vida de uma pessoa LGBT, especialmente daquelas que não contam com nenhum privilégio, é bastante complicada. E a nova temporada já começa nesse tom. Acompanhamos vítimas da AIDS sendo enterradas em caixas de madeiras, como indigentes, tamanho o descaso do governo com os infectados. Um protesto de LGBTs no meio de uma missa também nos faz entender a dimensão do problema.

O medo da epidemia de HIV na época marca a vida de todos os personagens que são obrigados a verem seus melhores amigos morrendo, semana após semana. Acompanhar a negligência das autoridades para solucionar o problema é pior ainda. A “praga dos gays” era enxergada como uma oportunidade para limpar as ruas. E engana-se quem pensa que essa epidemia acabou. Hoje, temos recordes nos casos de HIV pelo mundo todo, especialmente entre os jovens. Ficção e realidade estão mais próximas do que nunca.

Pose também nos relembra a todo momento os desafios que uma pessoa negra e LGBT precisa enfrentar simplesmente para sobreviver. “Vocês são jovens, negros, gays e pobres. O mundo odeia vocês”, dispara Blanca aos seus filhos da House of Evangelista.

A série acompanha a luta de Angel, uma garota trans, para fugir da prostituição e conseguir espaço na indústria da moda; Damon, expulso de casa por ser gay e tentando se tornar um bailarino reconhecido; e da própria Blanca, impedida de alugar um espaço para abrir seu salão de beleza pela transfobia da proprietária.

Eles nos lembram de como o mundo é muito mais duro e difícil para quem vive à margem da sociedade cis hétero branca. E é obrigação daqueles (inclusive nós) que possuem mais privilégios usar esse poder para ajudar essas pessoas. RuPaul uma vez disse que “nós, LGBTs, escolhemos nossa própria família”, então é por essa comunidade e família que devemos lutar.

Pose está disponível para stream na FoxPlay

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