I Am Mother, novo filme do Netflix, vale à pena?

Nova aposta do Netflix, I Am Mother é um filme de suspense e ficção científica dirigido por Grant Sputore, com roteiro de Michael Lloyd Green e estrelado por Clara Rugaard, Rose Byrne e Hilary Swank. E é isso, porque o filme todo tem apenas três personagens em seu enredo.

Trailer oficial

O fato de ter apenas três personagens pode fazer parecer um filme desinteressante, ou até mesmo monótono, mas I Am Mother consegue entregar um ótimo resultado numa história sci-fi que no começo já se faz previsível, mas ainda assim intrigante.

Sem spoiler, o filme retrata mensagens claras que já foram retratadas antes em filmes como Eu, Robô, Wall-E, Ela entre outros, que são questões de tecnologia, repovoamento terrestre, ética e moral de inteligência artificial entre outros clichês do gênero, mas que permitem que a história continue interessante.

Mãe e sua filha

Além do ponto central sobre a reflexão das mensagens, o filme oferece a figura da Mãe, uma robô que já após o dia 1 do extermínio terrestre, vive em um abrigo hi-tech com dezenas de milhares de embriões humanos muito bem catalogados. A própria Mãe cuida de gerar um dos embriões que ela seleciona e lhe dá a vida em 24h.

A partir, daí acompanhamos o desenvolvimento e criação da Filha, que vive com a Mãe no abrigo, sem chance alguma de sair dele, e aprende tudo o que a Mãe lhe ensina. A Mãe, por sua vez, é extremamente preocupada com o futuro de sua filha, e tenta garantir que ela seja capaz de aprender tudo o que lhe ensina, a fim de ser uma humana melhor do que a última leva de humanos foi.

O relacionamento das duas é bastante amoroso e é possível ver carinho entre elas, o que já causa estranheza ao notar emoções maternas – ao mesmo tempo amorosas, como relações humanas, e frias, como relações tecnológicas – da Mãe para a Filha.

Filha e Mãe

Tudo o que a Mãe ensina é basicamente sobre ciência e sobre como os humanos foram terríveis e destruíram tudo ao ponto de nem eles sobreviverem, e tudo isso é feito por uma figura de Mãe que demonstra carinho e afeto através de expressões robóticas que são sinistras, e muitas vezes causam até desconfiança, mas que permitem sentir proteção e ao mesmo tempo medo.

Tudo muda com a chegada da Mulher, uma mulher que bate à porta do abrigo e que serve pra mostrar que a Mãe não contou todas as verdades que disse ter contado – ou que pelo menos as coisas não são bem assim. Apenas sua existência já é o suficiente pra Filha começar a levantar algumas questões, mas o contato da Mulher com a Filha serve pra desestruturar todo o sistema que a Mãe tentou proteger e equilibrar e também o relacionamento delas. A Filha não cria vínculo maternal com a Mulher; a Filha começa a duvidar de tudo o que conhece, e a partir daí o filme ganha tensão e se desenrola até onde queria chegar.

Com propósito e história bem desenhados, talvez I Am Mother não consiga ser tão profundo nas mensagens filosóficas e sociais quanto queria, mas consegue desenvolver uma história que te prende, que te oferece entretenimento e que te faz refletir sobre alguns pontos levantados. Aqui, a mensagem que cada um vai usar pra refletir é mais baseada na experiência que cada um teve ao assistir, às suas percepções do mundo e sobre o que cada um entendeu do filme.

Apesar da obviedade geral do tema, o filme oferece uma história clichê com um final vasto em teorias, em interrogações, mas que não se faz impossível chegar a uma conclusão lógica, mesmo que ofereça diversas conclusões lógicas. Uma experiência conclusiva pessoal e intransferível, assistir I Am Mother é obter o que ofereceram: um filme com construções bem feitas e que não falha em entreter e em ser interessante de se assistir.

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