A arte drag no clipe de “You Need to Calm Down”

Taylor Swift lançou recentemente o clipe do segundo single do seu sétimo álbum de estúdio, “Lover”. Abordando temas como machismo e rivalidade feminina, Taylor faz no clipe de “You Need do Calm Down” uma crítica aos fãs de música pop que constantemente comparam as cantoras em redes sociais e fóruns e conta com a participação de oito drag queens representando as maiores divas pop da atualidade. A fim de proporcionar visibilidade ao trabalho delas, resolvemos apresentar brevemente uma por uma às pessoas que não têm muito contato com a cultura drag:

Riley Knoxx as Beyoncé: É única drag a aparecer no clipe que não competiu em nenhuma temporada de Rupaul’s Drag Race. Riley tem uma ótima reputação como cover da cantora Beyoncé, estando a 14 anos se apresentando e estudando a vida da queen Bey. É uma mulher trans e é destaque no cenário militante pró LGBTQ+ em Washington, DC. Em uma entrevista ao site “NPR”, Riley falou sobre a importância da representatividade trans na mídia, alegando que sendo uma mulher trans, cresceu muito quieta, assustada e solitária, não tendo referências como Laverne Coxx, Isis King (primeira mulher trans a participar do programa American’s Next Top Model) e Janet Mock (autora do best-seller do New York Time, “Redefining Realness” e produtora e roteirista da série “Pose”). Ela destaca como celebridades trans inspiraram e dão coragens para outras pessoas trans, podendo salvar vidas. Riley já se apresentou em locais como o annual “Capital Pride Festival”, no “Kennedy Center” e no “Jay-Z’s 40/40 Club” em Nova Iorque.

Adore Delano (Season 6/All Stars 2) as Katy Perry: Uma das maiores fan favorites e mais bem-sucedida participante de Drag Race, Adore sempre foi alvo de discussões devido ao seu estilo de drag. Inspirada por movimentos grunge e punk dos anos 80, vestidos de concurso e saltos de 15cm não têm espaço em seu guarda roupa. Em sua primeira participação na sexta temporada do programa, Adore chegou no top 3 após uma jornada de altos e baixos. Devido a sua falta de experiência e polidez, ela recebeu críticas por seus looks que pareciam mal-acabados, porém, destacou-se pela sua personalidade e carisma contagiantes, além de seu talento nato para canto e performance. Seu primeiro álbum de estúdio “Till Death Do Us Part” alcançou o top 60 na “Billboard 200” e top 3 na “US Dance/Eletronic Albums”, se consagrando como um dos maiores álbuns lançado por uma artista drag. Seu segundo álbum “After Party”, alcançou o primeiro lugar na parada “US Dance/Eletronic Albums.” Em 2016, Adore participou da segunda temporada do “All Stars” – um spin off do programa, onde participantes que não venceram da primeira vez que competiram, voltam para uma segunda chance de conseguir a coroa -, e embora tenha participado de apenas dois episódios, Adore certamente tornou-se um dos principais nomes da temporada após sua chocante desistência no segundo episódio. O motivo da desistência foram as fortes críticas que ela recebeu no primeiro episódio, novamente sobre seu look e estilo, além de problemas pessoais como sua depressão e a recente internação de seu irmão em uma clínica de reabilitação. Atualmente, Adore é totalmente fiel ao seu estilo e seu último álbum, Whatever, é inspirado em estilos musicais como indie, grunge e rock.

Trinity the Tuck (Season 9/All Stars 4) as Lady Gaga: É a única vencedora entre as drags que participaram do clipe. Trinity entrou na nona temporada de Drag Race subestimada pelo público do programa. Taxada como filler queen e somente uma “drag de concurso”, Trinity surpreendeu a todos – até a si própria – quando começou a se destacar em desafios de atuação e comédia, provando que tinha muito a oferecer. Com seu talento e sua personalidade forte, Trinity chegou no top 4 com 3 desafios ganhos e uma legião de fãs. Em 2018, Trinity voltou para quarta temporada do “All Stars”, iniciando a temporada como uma das favoritas do público para a coroa. E ela não decepcionou. Com looks de tirar fôlego e QUATRO vitórias, Trinity chegou na final como única vencedora possível, porém, uma reviravolta fez com que ela fizesse parte da primeira coroação dupla da HISTÓRIA do programa.

Tatianna (Season 2/All Stars 2) as Ariana Grande: Outra fan favorite, Tatianna tinha apenas 21 anos quando competiu pela primeira vez, na segunda temporada. Chamou muita atenção devido a sua beleza e seu estilo de drag extremamente feminino, porém, seu maior triunfo foi sua lendária imitação da cantora Britney Spears na primeira edição do Snatch Game, um desafio aonde as drags participam de uma paródia de um game show americano, o Match Game, fazendo uma imitação de alguma celebridade. Foi nesse desafio que ela conseguiu sua primeira, e única vitória na temporada. Apesar de não ter ganhado mais nenhum desafio e ter problemas com seus looks, Tatianna também se destacou pelos barracos que protagonizou na temporada, sendo um deles em pleno palco principal. 6 anos após sua primeira participação, Tatianna voltou para a segunda temporada do “All Stars”, e somente o primeiro episódio já foi o suficiente para mostrar sua evolução e ganhar o coração dos fãs. Foi eliminada no segundo episódio, porém, teve a oportunidade de voltar para a temporada mais tarde. Infelizmente, Tatianna foi eliminada no episódio seguinte a sua volta, o que é considerada pelos fãs uma das maiores injustiças do programa.

Trinity K. Bonet (Season 6) as Cardi B: Uma das maiores lipsync killers do programa, Trinity deixou seu legado na história de Drag Race por suas performances icônicas. Durante sua jornada no programa, Trinity sofreu com seus problemas de confiança e entrosamento com outras queens, fazendo com que a mesma se auto sabotasse em alguns momentos. Protagonizou uma das cenas mais emocionantes e inspiradoras da temporada quando revelou para as outras participantes que era portadora de HVI, deixando claro que era algo que ela não se envergonhava e queria passar essa mensagem de orgulho para outras pessoas que pudessem estar no mesmo tipo de situação. Foi eliminada em um dos melhores lipsyncs da temporada, porém, seus looks impecáveis e suas dublagens são referências. Trinity apareceu na icônica performance da música “Doo It” cantora Miley Cyrus no VMA de 2015 e recentemente chamou atenção da própria Cardi B por causa de uma performance do smash hit “Bodak Yellow”, além de ter sido nomeada pela revista “Vulture” como uma das 100 drag queens mais poderosas da américa.

Delta Work (Season 3) as Adele: Em sua participação na terceira temporada do reality, Delta se destacou por formar um grupo com outras participantes, chamado “Heathers”. As drags protagonizaram alguns dos maiores barracos da temporada, e embora Delta não tenha tido uma participação muito longa no programa, sendo eliminada no 8º episódio, ela conseguiu feitos muito importantes: ganhou um Emmy em 2018 pelo seu trabalho como hair stylist da Rupaul durante a nona temporada do programa e já foi convidada para o palco da cantora Adele em um dos shows da turnê da cantora.

Jade Jolie (Season 5) as Taylor Swift: Outra drag que não teve uma participação memorável no programa, Jade também se destacou pelos seus barracos, sendo um deles a origem de um dos mais lendários memes do programa. BACK ROLLS?! Jade já havia imitado a Taylor no programa, também no Snatch Game. Atualmente, Jade demonstra sua ENORME evolução nas redes socias, despertando nos fãs uma curiosidade de como ela se sairia em um possível All Stars. Antes de iniciar sua carreira como drag queen, Jade fez um filme adulto chamado “Showguys”.

A’Keria C. Davenport (Season 11) as Nicki Minaj: Recém-saída da décima primeira temporada, A’keria se destacou por ter costurado exatamente todos os looks que apresentou no programa. Também deu origem a alguns barracos, fazendo alguma fofoca que iniciasse algum drama e depois saindo só para assistir. A’keria chegou ao top 4 com 2 desafios ganhos, porém, foi eliminada ao enfrentar a atual vencedora em um lipsync. Faz parte de uma famosa família drag, as “Davenport” na qual várias integrantes já participaram do programa e em 2017 foi a vencedora de dois grandes concursos, o Miss Black Universe e o Miss International Vogue.

É inegável que a arte drag está se tornando cada vez mais mainstream, desde o sucesso de programas como “RuPaul’s Drag Race”, que já um fenômeno da cultura pop e ganhou espaço até em premiações grandes como o Emmy Awards à Pabllo Vittar se apresentando na ONU e drag queens estrelando clipes de grandes artistas ou comerciais de grandes marcas. Taylor Swift incluir esses artistas em um clipe como o de “You Need Calm Down” é só mais um sinal de como essa arte ainda pode ir muito longe e precisa ser respeitada.

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