Descubra a suculência de Lizzo, que esbanja talento e autoestima em suas músicas

Lizzo lindíssima para a Fools Magazine.

Com um dos álbuns femininos mais aclamados de 2019 (até o momento em que escrevo, o trabalho possui nota 82 baseada em 22 críticas no Metacritic), Melissa Viviane Jefferson – conhecida apenas por Lizzo – mostrou ao que veio com “Cuz I Love You”, disco que não é só poderoso, mas empoderado. Embora a palavra empoderamento tenha sido banalizada e até mesmo ridicularizada por alguns na internet, Lizzo nos mostra como ainda é importante falar de representatividade, visibilidade e autoconfiança de mulheres – sobretudo daquelas que são negras e gordas.

Capa de “Cuz I Love You”, terceiro álbum de estúdio de Lizzo

A cantora saiu de Minnesota para conquistar o coração dos estadunidenses (e, muito em breve, das pessoas do mundo todo) ao esbanjar talento, positividade e autoestima através de suas letras. A intérprete de “Truth Hurts” está ganhando espaço nos maiores festivais e programas da TV apenas este ano, mas ela vem trabalhando desde 2013, quando lançou seu primeiro álbum de estúdio “Lizzobangers”. Seu segundo disco, “Big Grlll Small World”, veio em 2015 e ela ainda nos presenteou com um EP em 2016, “Coconut Oil”, entretanto, foi “Cuz I Love You” que a levou ao estrelato.

Entoando um vocal poderosíssimo na faixa-título, Lizzo já deixa evidente logo na abertura de seu terceiro álbum o porquê dele ser um divisor de águas em sua carreira, mandando o papo reto no primeiro trecho com o verso “Once upon a time, I was a hoe”. Conforme as canções vão passando, a artista demonstra sua versatilidade e extensão vocal, por vezes cantando como uma espécie de Nina Simone no R&B/Soul de “Jerome” ou uma deusa do rap em “Tempo”, seu featuring com Missy Elliott.

Heard you say I’m not the baddest, bitch, you lie!

A temática das canções varia, mas se fôssemos estabelecer um pilar no qual “Cuz I Love You” foi construído, com certeza seria o do amor próprio. Numa vibe à la Bruno Mars em “Uptown Funk”, Lizzo afirma em “Juice” que o espelho nem precisa falar, pois ela sabe que é linda pra caralho. O relacionamento sério com ela mesma continua firme e forte em “Soulmate” e até mesmo de forma implícita em “Jerome”, na qual ela se mostra suficiente o bastante para mandar o macho procurar sua turma e só voltar quando for maduro.

Estamos falando de uma artista fundamental ao pop mainstream não só por seu talento de sobra, por ser uma excepcional musicista e instrumentista, mas também pelo impacto que sua imagem representa. Inclusive, posso dizer que ela vai muito além de sua iconografia, pois o trabalho de Lizzo não é visibilidade por si só: ela é uma mulher consciente dos problemas sociais que cercam sua realidade, sobretudo o machismo, o racismo e a gordofobia. Sua música vem como um suco em resposta à tais questões – e sem açúcar nem adoçante para aqueles que reproduzem essas merdas em 2019. Blame it on my juice.

Ouça “Cuz I Love You”, de Lizzo:


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